O desafio de chegar aos quatro cantos do país
São 80 mil toneladas de carga, distribuídas por 3,2 mil caminhões, para 140 mil escolas de 5.570 municípios, chegando a 35 milhões de alunos. O processo é longo, e a distribuição chega a levar três meses. Mas a foto final é certa: o entregador dos Correios sorrindo, lá na ponta — onde quer que seja, ao final de viagens com até três dias de duração, ou em qualquer lugar do país. São 27 anos de uma operação bem-sucedida, merecedora até mesmo de prêmios internacionais. A parceria entre o FNDE e os Correios representa um dos pilares do sucesso do PNLD.
Após todo o processo de inscrição, produção editorial e impressão, os livros saem das gráficas já sob a custódia dos Correios. Fiéis depositários, os Correios checam todos os contratos, planejam a logística, realizam as entregas e documentam o recebimento em cada escola — inclusive fotografando com smartphones.
“Temos esta responsabilidade, até patriótica, de distribuir livros para as crianças nas escolas. Esta operação de distribuição em todos os municípios brasileiros faz parte do nosso DNA social. Não dá para falar dos livros sem falar dos Correios”, orgulha-se o diretor de Operações Carlos Henrique de Luca Ribeiro.
A operação já rendeu aos Correios, em 2002, o World Mail Awards, considerado o Oscar mundial do setor postal. Não é à toa: são quase 200 milhões de livros todo ano, em 140 mil escolas. “Pode ter certeza, entregar um livro em São Paulo é bem diferente do que levar um livro ao Amazonas, em localidades ribeirinhas em que se chega de moto ou de barco”, lembra Carlos Henrique.
Desde o início da operação de entrega do PNLD, o projeto já evoluiu muito. Constantemente, a empresa estatal busca melhorias para ampliar a produtividade, e a cada ano surgem inovações. Já está em uso um algoritmo que permite a paletização virtual. “Quando o livro sai da gráfica, já está mais ou menos destinado a uma rota, a uma escola. Quando fechamos um pálete, ele já está pré-triado por destino pelo sistema. Há uma inteligência nisso”, conta o diretor.
Após a retirada em cada gráfica, os livros são enviados para uma central de cargas ou centralizadora de distribuição, onde são separados em volumes menores. Nas centralizadoras, é feita a triagem, separando-os por escolas. “Pela paletização virtual, o pacotinho do aluno já está separado, por município e por escola, dentro da quantidade que o FNDE determinou para aquela unidade escolar. Ou seja, é a quantidade certa, o título certo, no local certo”, explica.
Em 2021, foi introduzido um novo modal de transporte — que até então era feito pelo modal rodoviário. A partir daquele ano, os Correios começaram a usar o meio aquaviário, ou cabotagem, em esquema-piloto, com destino a Manaus, Fortaleza, Recife e Salvador. “Trata-se de um modal mais eficiente energeticamente, emite menos carbono, é mais seguro e barato para longas distâncias e carrega volumes enormes. É feito para cargas muito densas, muito pesadas, como é o caso do livro”, conta o diretor.
Trata-se de uma operação dedicada: foi concebida e é realizada apenas para o PNLD, embora se gere um conjunto de experiência de inestimável valor — utilizado para a logística dos Jogos Olímpicos de 2016, para o Exame Nacional do Ensino Médio (cujo foco é a segurança) e recentemente para o combate à pandemia de covid-19. Os Correios foram os responsáveis pela Rede Vírus, transportando país afora amostras do SARS-CoV-2 e outros materiais biológicos para ajudar no desenvolvimento de medicamentos, vacinas, estudos e testagens.